quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Marteli Birgona



Martelo Birgona - Lenine




Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço

Tanto choro e pranto
A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo

Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna

Vou certo
De estar no caminho
Desperto.

Achei esse video muito fofinho!!!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Se...

“Se o mundo fosse um pouco mais pequeno, talvez se eu fosse um pouco mais crescida, ou se tu fosses um pouco mais corajoso, tudo fosse um pouco diferente.”


Não sei quem escreveu ...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O que detesto em ti...

O que detesto em ti
É a forma como invade minha vida
Bagunça meus pensamentos
Me enche de ilusões

O que detesto é ti
É o teu poder de me fascinar
De me fazer acreditar
Que isso vai mudar

O que detesto em ti
E a tua ignorância
O teu ceticismo
Diante da simplicidade

O que eu detesto em ti
É a forma que desperta meu interesse
Aguça minha curiosidade
Que me hipnotiza

O que detesto em ti
É a forma que meche com meus sentimentos
É como consegue fazer com que eu me sinta
Bonita, alegre, divertida...

Enfim...
O que detesto em ti
É te adorar.


Roberta Leticia Nascimento

sábado, 25 de setembro de 2010

"...Mas o meu principal está sempre escondido. Sou implícita..."

“Estou dentro dos grandes sonhos da noite: pois o agora-já é de noite. E canto a passagem do tempo: sou ainda a rainha dos medas e dos persas e sou também a minha lenta evolução que se lança como uma ponte levadiça em um futuro cujas névoas leitosas já respiro hoje. Minha aura é mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma de súbito com voz única.
O mundo: um emaranhado de fios teleféricos em eriçamento. E a luminosidade no entanto obscura: esta sou eu diante do mundo.
Equilíbrio perigoso, o meu, o perigo de morte de alma. A noite de hoje me olha com entorpecimento, azinhavre e visco. Quero dentro dessa noite que é mais longe que a vida, quero, dentro desta noite, vida crua e sangrenta e cheia de saliva. Quero a seguinte palavra: esplendidez, esplendidez é a fruta na sua suculência, fruta sem tristeza. Quero lonjuras. Minha selvagem intuição de mim mesma. Mas o meu principal está sempre escondido. Sou implícita. E quando vou me explicar perco a úmida intimidade.”

Clarice Lispector 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu sou Egoísta!

Artista: Raul Seixas
Album: Other
Música: Eu Sou Egoísta.


Se você acha que tem pouca sorte 
Se lhe preocupa a doença ou a morte 
Se você sente receio do inferno 
Do fogo eterno, de Deus, do mal 
Eu sou estrela no abismo do espaço 
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço 
Onde eu tô não há bicho-papão 
Eu vou sempre avante no nada infinito 
Flamejando meu rock, o meu grito 
Minha espada é a guitarra na mão 
Se o que você quer em sua vida é só paz 
Muitas doçuras, seu nome em cartaz 
E fica arretado se o açúcar demora 
E você chora, cê reza, cê pede... implora... 
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho 
Eu quero é ter tentação no caminho 
Pois o homem é o exercício que faz 
Eu sei... sei que o mais puro gosto do mel 
É apenas defeito do fel 
E que a guerra é produto da paz 
O que eu como a prato pleno 
Bem pode ser o seu veneno 
Mas como você vai saber... sem tentar? 
Se você acha o que eu digo fascista 
Mista, simplista ou anti-socialista 
Eu admito, você tá na pista 
Eu sou ista, eu sou ego 
Eu sou ista, eu sou ego 
Eu sou egoísta 
Por que não...

Além das aparências.

“Ele era gago, vesgo e mancava de uma perna e daí?
Era gostoso, inteligente e tinha uma boca linda sabia dizer coisas belas em horas estranhas e chorava quando se sentia completamente feliz.”

- Martha Medeiros, no livro “Poesia Reunida”

Passado

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa, 1931.

Extremos da paixão.

Caio Fernando Abreu

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível,loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolosem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.
(in Pequenas Epifanias)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Comerciais, uma das minhas paixões...

O que adoro em ti.

Manoel Bandeira

O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha

Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai

O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é A VIDA!

Arrancando a mascara do príncipe encantado.

Texto de Clarrissa Corrêa

(Em outras boas - e duras - palavras: tirando a nossa própria máscara e vendo as coisas como elas realmente são.)

Crescemos com a idéia de que príncipe encantado existe, afinal, nos filmes e livros infantis eles são personagens quase principais. Tem a mocinha, mas tem o mocinho. E a mocinha, diz nos livros, precisa do mocinho para viver (deve ser por isso que tem tanta mulher no mundo que não sabe trocar uma lâmpada ou matar uma barata).

Pequenas, vemos um menininho bonito e dizemos que ele parece "um príncipe". Mas, afinal, o que é ser um príncipe? É abrir a porta do carro, puxar a cadeira para a lady sentar, ser gentil, educado, amoroso, carinhoso, beijar a mão e pagar o jantar? Não entendo direito essa definição, apesar de sempre ter sonhado com um. O problema é que nos livrinhos os príncipes estão sempre com a roupa limpa e o cabelo engomadinho. Na vida real a coisa muda de figura. O príncipe tem aquela camiseta preferida com um furinho embaixo do braço, chulé que nem Tênis Pé Baruel salva, bafo quando acorda, cocô fedorento, solta pum, arrota e coça o saco. Surpresa! O príncipe é uma pessoa de verdade. Entretanto, a princesa também tem bafo matinal, acorda descabelada, arrota, peida, faz cocô que nem Bom Ar salva, isso sem falar em todo o resto.

Que resto é esse? As pessoas têm defeitos, manias, neuroses, frustrações, medos, confusões. Cada um tem suas particularidades. Mas isso a gente só descobre com o tempo e a convivência. Num primeiro momento, você sai com ele e se policia. Veja se você se encontra em uma cena dessas: vocês estão se conhecendo, marcam de sair. Começa aquela longa jornada: banho, perfume, checar se a sobrancelha está em dia, passar perfume, creme, usar calcinha bonita (mesmo que não vá tirar), depilar a perna (mesmo que ele não veja), depilar axila (mesmo que ele nem encoste), depilar a virilha (mesmo que ele passe longe), secar o cabelo, passar corretivo pra disfarçar aquela olheira que teima em dar as caras na sua cara, passar um pó para uniformizar a pele e disfarçar defeitinhos, um pouquinho de blush pra ele pensar que você vende saúde, rímel pra levantar o olhar e, então, começa a busca pela roupa perfeita. Tudo fica estranho, você tira as roupas do armário, pensa que não tem roupa, invoca a Nossa Senhora Dos Looks Decentes e finalmente encontra algo que ficou mais ou menos bem em você. Depois, checa o bafo. Mesmo após escovar os dentes, coloca uma bala na boca e tenta relaxar. Ele te pega em casa, vocês vão a um restaurante, ele pergunta o-que-você-quer-comer e você pensa meu-deus-não-posso-comer-muito-senão-ele-vai-me-achar-uma-comedora-compulsiva. Então, diz pra ele escolher e sorri tentando mandar pra casa a tensão instalada na sua nuca. O prato chega e você agradece por ele não ter pedido macarrão ao sugo, afinal, isso podia sujar sua blusa. Você mastiga bem devagarinho, toda meiga, toda mulherzinha, toda tô-saindo-com-ele-faz-pouco-então-não-posso-ser-ogra. Você, inevitavelmente, já deve ter passado por isso. No começo, a gente quer mostrar o melhor. A gente não se permite relaxar, tampouco respirar com naturalidade.

O tempo passa. Vocês engatam um relacionamento. Aos poucos, ele vê que você enfia o dedo no dente de trás pra tirar aquela alface que colou lá e não quer mais sair. Devagar, ele te vê sem maquiagem, com cabelo de louca, com baba seca no canto da boca, com a unha descascada, sem máscara e sem glamour. O dia a dia faz com que a gente veja os avessos do outro. E os avessos estão cheios de nojeira. O amor é belo, sim, mas é cheio de pequenas nojeiras. E a gente precisa administrar isso.

Um relacionamento deve ser construído com verdade. A verdade, nua e sem retoques, nem sempre é bonita. Tem o lado ruim, tem a briga, tem a discussão, tem aqueles dias em que parece que vocês estão completamente fora de sintonia. Tem vezes, inclusive, que a gente se pergunta o-que-tô-fazendo-com-essa-anta? Tem tudo isso. Tem a raiva, tem a irritação, tem tudo. A verdade é que existe um lado feio do amor.

Acho que a traição, tanto masculina quanto feminina, ocorre quando a gente não engole o lado feio. É claro que o seu colega de trabalho é divertido, tá sempre cheiroso, tem piadas boas, usa camisas bem passadas e tem os olhos bonitos. É evidente que a irmã do seu amigo (ou a vizinha ou a colega ou a amiga) está sempre perfumada, produzida, sorridente, sem TPM, sem reclamar que você esqueceu de pagar a conta de luz ou esqueceu de levar o cachorro pra tomar banho. É claro que sim. É fácil e bonito ser superficial. Essas pessoas, que de dia ou à noite se mostram tão cheia de encantos, são iguais a nós. São gente. De vez em quando são egoístas, desumanas, mesquinhas, pentelhas, grosseiras. É lógico que existem muitas pessoas bonitas no mundo. Você pode achar seu instrutor da academia um gato. Ele pode achar a secretária mega gostosa. Mas uma coisa é achar, outra é cobiçar, flertar, fazer graça. Tem gente bonita no mundo, sim. Mas o importante é você achar que o outro é mais bonito pra você. Mesmo que tenha dias feios.

A grande verdade é que perfeição não existe, a gente é que pensa que sim. Como diz Marina Lima "só que quando anoitece, é festa no outro apartamento". Não pense que o relacionamento da sua amiga ou do seu parceiro de tênis são melhores que o seu. Relações são complicadas. Tem dias que dá vontade de gritar bem alto "meeeeeeeeeeeeeeeeerda". Mas sempre achei que o que mais importa é o sentimento, mesmo que existam outras coisas. Essas coisas a gente ajeita, conversa, organiza, negocia. Basta querer e aceitar que príncipes e princesas existem fora da porta da sua casa. Do lado de dentro tem gente de carne, osso e muitos defeitos.

Ler Deveria Ser Proibido!!!

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

Por Guiomar de Grammon

In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp. 71-3.
Veja um vídeo que fala deste texto: http://www.youtube.com/watch?v=57hum9zwjZc

Agora resolvi colocar aqui coisas que eu acho legais, interessante.

Muito interessante!!!

Este comercial foi elaborado sem a utilização de recursos de computador ou truques digitais. Sucedeu em tempo real exatamente como se vê. A gravação requereu 606 tentativas. Nas primeiras 605 tentativas sempre ocorreu algo de menor importância que não funcionou. A equipe de gravação passou semanas, dia e noite, e estava quase  desistindo e com vontade de trocar o objetivo.
O apoio mútuo manteve-os unidos. Esta gravação custou 6 milhões de dólares e consumiu 3 meses até terminar, incluindo a engenharia de planificação completa de uma única sequência.

Além disso, este anúncio dura 2 minutos e já está tornando-se num dos mais distribuído pela Internet.

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma música que poderia falar de mim hoje...

O Que Não Se Pode Explicar Aos Normais.

Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão
Sobre ficar, sobre desejar, como saber te amar?
Sobre querer, sobre entender, sem esquecer
Sobre a verdade e a ilusão
Quem afinal é você?
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver.
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver.
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porquê de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

sábado, 18 de setembro de 2010

Quem inspirou a Gaivota...

Do Livro Fernão Capelo Gaivota...


Richard Bach descreve de forma leve e instigante A história de Fernão Capelo Gaivota. O autor conta toda a vida de Fernão Capelo, uma gaivota ávida por liberdade e pelo conhecimento. Desde sua juventude, Fernão Capelo mostra-se diferente das outras gaivotas, por nutrir intensa paixão pelo vôo. Fernão Capelo desafia as regras da sua comunidade quando mostra suas descobertas acerca do vôo. Por pensar de modo anticonvencional, Fernão é expulso da sua comunidade. Solitária, a gaivota aprimora suas técnicas de vôo até sua velhice, quando é misteriosamente elevada a outro mundo. Neste novo mundo, Fernão se revigora, conhece gaivotas que pensam em liberdade e vôo como ele e, com o auxílio de mestres, atinge a excelência na arte de voar com o vôo do pensamento.Fernão passa a ensinar o que sabe a outras gaivotas, até decidir-se pelo retorno a sua comunidade natal. Acompanhado por seus discípulos, o mestre retorna à comunidade que o baniu e exibe diversos estilos de vôo com perfeição. Os líderes da comunidade decidem ignorar o degredado e impor isto às demais gaivotas. Entretanto, a perfeição e a liberdade trazida por Fernão Capelo, lentamente vai cativando gaivotas da comunidade, que querem, sobretudo, aprender. Por fim, Fernão Capelo parte com intento de disseminar o conhecimento libertador que adquiriu, deixando discípulos em sua comunidade natal. Esta obra de Richard Bach destina-se a qualquer pessoa que esteja aberta ao aprendizado, alertando-nos a abrir os olhos para a liberdade que só o conhecimento pode trazer. Comentário A história de Fernão Capelo Gaivota possui várias faces, mas ao mesmo tempo carrega uma crítica à sociedade castradora, independente das décadas que atravessou. Esta crítica apresentada por Richard Bach dirige-se a vários aspectos sociais: na resistência ao novo, na imposição inquestionável de certas leis, nas limitações estabelecidas para o aprendizado, no conformismo, entre outros.Assim como na comunidade de Fernão Capelo, vivemos em uma sociedade que resiste profundamente às grandes mudanças culturais. Esta resistência tem origem no medo do que é novo. Nossa sociedade mascara seu medo estigmatizando, segregando e excluindo quem é diferente. Mas se prestarmos um pouco de atenção, poderemos ver que o medo parte dos que detém o poder. Estes passam a impor regras, a tolher liberdades, a ousar limitar o pensamento e o aprendizado.Em meio aos limites impostos pelos poderosos, a grande massa (de gaivotas ou de pessoas) se conforma, pois não tem acesso ao conhecimento. Quando dentre à massa, surge alguém que ousa avançar no aprendizado e descobre algo novo e bom, também é excluído pela sociedade. Os diferentes são colocados à margem da sociedade por serem justamente o que são: diferentes. Por terem se atrevido a contestar e a ir além do que os poderosos impuseram.Esta é a sociedade em que vivemos. Que não difere em quase nada da comunidade de Fernão Capelo Gaivota. É uma sociedade que ergue paredes ao nosso redor, que muitas vezes nos faz acreditar em verdades unilaterais. Vivemos a coletividade que julga e segrega, que julga mal e cala, que julga e finge que não está julgando. O mundo de hoje, que parece tão amplo e acessível para alguns poucos, simplesmente não existe para a grande maioria. Raras são as ocasiões que nos oferecem mais do que um ponto de vista, pouquíssimas vezes conseguimos ir além do raso conhecimento. E depois disso, falam que somos livres... A liberdade, só pode vir quando acompanhada do conhecimento. Mas como a liberdade pode vir, se o conhecimento não é ofertado a todos?Não diria que a liberdade vem apenas da perfeição do conhecimento, mas da profusão dele. Entretanto, assim como Fernão Capelo Gaivota, acredito que somos idéias perfeitas e ilimitadas de liberdade, porque o perfeito vem da busca infinita pelo melhor.

Cativar...

Trecho de “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry



E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.

E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela. 
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Lembrei de um trecho de um livo de Paulo Coelho:

Nas Margem do Rio Piedra...
Eu me sentei e chorei.

    Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio - as folhas, os insetos, as penas das aves - se transforma nas pedras do seu leito.

    Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atira-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.

    Ás margens do rio Piedra eu me sentei e chorei.

    O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas em meu rosto, e elas se misturaram com as aguas geladas que correm diante de mim.

    Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que - distante dos meus olhos e do meu coração - todas estas águas se misturam com o mar.

    Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei do rio Piedra, do mosteiro, da igreja nos Pirineus, da bruma, dos caminhos que percorremos juntos.

    Eu esquecerei as estradas, as montanhas, e os campos de meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.

Inicio...

Primeiro a idéia...
Depois a coragem...
Agora a questão, o que escrever nesse espaço? Sobre o que falar?
Ainda não sei.
Mas para iniciar, vou falar de sentimentos e percepções...